quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Envelhecer em Casa

Representando um desafio aos sistemas de saúde, protecção e segurança social, o inegável aumento do número de pessoas idosas, converte, hoje, a realidade social, num cenário estrutural, crescentemente, desafiante.
Um cenário, que assente no crescente aumento da longevidade, deverá apoiar e proteger as pessoas idosas, especialmente, as dependentes, promovendo e incentivando a sua permanência em casa.
Mas, teremos, nós, consciência das implicações sociais que emergem da prática deste princípio de intervenção?
Saberemos, nós, que passos dar para que este princípio se converta em realidade?
Para começar, e antes de mais, devemos, todos, sem excepção, incluir-nos no colectivo, deixando para trás aquele pressuposto que defende que a resolução dos problemas, nomeadamente, os sociais, depende, única e exclusivamente, dos outros. Isto porque, acredite ou não, é num estado de direito, como o nosso, que a democracia cognitiva tem um significado cada vez menos adormecido, devendo, para efeito, todos nós, agentes de mudança e intervenção social, assentar a nossa acção, na promoção e defesa dos direitos humanos, enquanto tais, e não, apenas, na disponibilização de práticas assistencialistas, valorizando, de uma forma continuada, a participação e consequente autonomização da pessoa idosa no seu meio sócio-cultural.
Assim, e segundo esta linha de pensamento, envelhecer em casa repercute-se, tanto na melhoria da qualidade dos bens e serviços disponibilizados pela comunidade, como na efectividade da sua oferta, tendo impacto directo, tanto na autonomização do idoso como cidadão de direitos, como na dinâmica inerente ao seu próprio contexto.
O apelo é dirigido a toda a sociedade, caminhando no sentido da promoção de uma cultura aberta à mudança.
Uma cultura que visa a adaptação das respostas sociais e comunitárias disponíveis, valorizando a permanência das pessoas idosas, por mais tempo, no seio dos seus lares.
Uma cultura que valoriza o recurso a serviços comunitários, públicos e privados, apenas e quando necessário.
Uma cultura, que entende, que possibilitada de usufruir de cuidados especializados, personalizados e ajustados à medida das suas necessidades, a pessoa idosa que envelhece no seu lar pode, hoje em dia, recorrer a um conjunto de serviços e equipamentos que, para além de lhe proporcionar segurança e bem-estar, lhe confere dignidade e conforto, por muito mais tempo.
Saliento, neste âmbito, o sistema de teleassistência, que embora, ainda pouco divulgado, em Portugal, se tem revelado bastante eficaz.
O sistema de teleassistência é um recurso que disponibiliza, às pessoas idosas e em situação de dependência, apoio técnico e ajuda imediata, 24 horas por dia, nos próprios domicílios, sempre que, estas, se sintam mal ou sofram algum tipo de acidente.
Este sistema é composto por uma unidade central ligada por um dispositivo de pulso, que possui um botão de pânico, que comunica com uma central.
Em caso de emergência, bastará, ao utilizador, premir esse botão e, imediatamente, a central telefónica, estabelecerá uma chamada para o centro de contacto do serviço.
Como a central instalada possui um altifalante e um microfone, é possível, ao cliente, falar com o assistente do centro de contacto, independentemente, da divisão da casa onde se encontre.
Quando a ligação é estabelecida, o assistente que atende a chamada, tem acesso imediato à ficha clínica e social, bem como, aos contactos de referência do cliente.
É importante referir, que mesmo que o cliente não consiga responder, a central contacta, de imediato, com os seus familiares e/ou responsáveis, procedendo, em caso de urgência, a todas as manobras de intervenção necessárias.
Este serviço, para além de tranquilizar as pessoas idosas que se encontram sozinhas e/ou em situação de dependência, é, sem dúvida, um importante recurso de apoio a familiares e cuidadores, pois permite que estes se sintam mais acompanhados na tarefa de cuidar.
É de ressalvar, no entanto, que este tipo de serviço não exclui a necessidade de convívio, apoio e protecção social, devendo, a pessoa idosa, para efeito, e em complementaridade, recorrer a outros serviços de ajuda e apoio comunitário.
Urge, assim, perante o actual cenário demográfico, entendermos que o crescente aumento do número de pessoas idosas, se repercute e continuará a repercutir na emergência de quadros de dependência e incapacidade, justificando, a crescente necessidade de adaptação e disponibilização de cuidados e/ou acções de proximidade, prevenção, manutenção e reabilitação.
Será o recurso a novos bens e equipamentos, que em complementaridade com serviços humanos de proximidade, poderá retardar ou prevenir muitos dos actuais e emergentes quadros de morbilidade e mortalidade.
Uma selecção consciente das ajudas técnicas e humanas, hoje disponíveis, pode contribuir, significativamente, para a construção de um ambiente domiciliar inteligente, viabilizando a promoção da qualidade de vida da pessoa idosa, de uma forma “custo-benefício” positiva.Por isto, e por certo, algo mais: ENVELHEÇAMOS EM CASA!

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